segunda-feira, 13 de abril de 2009

A Tout Le Monde

Domingo de Páscoa........dia de ressurreição, renascimento......belo dia para começar a ler Nietzsche. E pelas divagações que esse dia me traz, além é claro da leitura, comecei a pensar em como eu era e como sou hoje. É curioso como geração após geração certa atitudes perpetuam-se.


Observando minha irmã agora, enxergo coisas que fiz e assim como ela, imaginava serem imperceptíveis aos olhos maduros dos adultos. E essas atitudes me fazem questionar algo simples, mas complexo (parece incoerente, mas já vai fazer sentido).


Toda ingenuidade é boa?

Claro que eu não estou tentando fazer um julgamento moral da minha irmã, que do alto de seus 4 anos só pensa em brincadeiras e chocolates. Mas meu questionamento é baseado em outras observações também. Pessoas que são ingênuas, que desconhecem algumas artimanhas desse mundo cinza que vivemos, porém se utilizam dessa falta de conhecimento para atingir alguns objetivos. Então isso é bom ou mau? Volto a me perguntar:

Será realmente toda ingenuidade boa?

E tentando responder a mim mesma, volto o olhar para o fundo do meu âmago e penso.....eu também era assim?

Não, definitivamente não era e analisando minha mea maxima culpa, admito minha capacidade de manipulação e em certas ocasiões até um pouco de fatos distorcidos. Mas mesmo assim, nunca fui assim e por um simples motivo: soberba! É esse é um dos meus pecados.

O que me faz ser arrogante é saber que eu sou boa no que faço e eficiente também, porém como em tudo que existi, há de se ter um equilíbrio, eu tenho também minha dose de humildade em admitir que eu não sei tudo e em pedir ajuda quando não consigo fazer algo só.

E no que eu sou boa? Ah! Sim eu tenho o dom da docência, a capacidade de transmitir conhecimento. E como, isso me satisfaz! Partilhar com as pessoas o que eu sei me faz bem, penso que este seja um dos objetivos da minha estada aqui. É mas com isso chegamos a outro axioma:


"Tudo na vida tem um ônus."

E com conhecimento perde-se ingenuidade, aquele brilho do novo, do desconhecido começa lentamente a diminuir....e assim renascemos e finalmente enxergamos o mundo como ele é em 256 níveis de cinza, assim como uma linda imagem 8 bits. O que me faz lembrar uma célebre frase:

"Hay que endurecerce pero sin perder la ternura jamás."

Na minha simples concepção, Che falava exatamente desta dicotomia filosófica: ignorância x conhecimento. E a ignorância neste sentido nada mais é que o não saber, o desconhecer.......é a felicidade dos ingênuos. Já que o conhecimento vem com a maldição da verdade, mesmo que não existam verdades absolutas.

E assim, tentando mais uma vez chegar a um equilíbrio me doutrino a não esquecer as palavras do revolucionário argentino e pensar que mesmo na mais cruel realidade, os sonhos não devem ser esquecidos jamais!

Um comentário:

Anônimo disse...

Opa,blz? Apareci aqui procurando o significado de "The Nurse Who..." do APC. Pena que não achei. =/

Já pensei sobre a ingenuidade também e acho que não faz muito sentido dizer que ela é boa ou ruim. Isso é uma atitude natural assim como o agarrar de uma trepadeira. Você não vai dizer que ela(a planta)é ruim porque se enrosca em tudo que está no caminho.

Se você acha a ingenuidade ruim quando alguém a utiliza para ganho então faz menos sentido ainda. Quando alguém usa a ingenuidade para obter ganho não está sendo ingênua; é uma exclusão mútua. A ingenuidade está ligada à inconsciência. Se há uma atitude consciente para obter algum ganho não há ingenuidade envolvida.

Meus 5 centavos.
Abraço.

p.s: Leia Blaise Pascal. Nietzche o considerava (antes de enlouquecer) o maior pensador do mundo. ;)