Good Vibrations

Minha vida resumida: nasci, cresci e atualmente moro em Porto Velho. Seria bom se fosse assim... seria?

Pra começar nasci num belo domingo chuvoso (segundo minha mãe) de setembro. Minha 1ª infância durou até meus 10 anos. Quando aconteceu um dos fatos mais marcantes da minha vida, a separação dos meus pais. Eu seria hipócrita se dissesse que este fato não me afetou, é óbvio que sim e a partir dele comecei a ter uma outra visão da realidade. Afinal, minha história, claro não é só minha, envolve minha família também.

Nesse momento eu cresci e assumi para mim responsabilidades aquém das que gostaria de ter. Criei meu irmão, aprendi a ser uma dona-de-casa, aprendi a me virar sozinha, e aprendi que o mundo pode ser cinza.

E eu poderia ter escolhido passar o resto de minha vida me lamentando por tudo isso, mas aprendi também a carregar comigo a parte boa das minhas experiências, tentar entender a parte ruim. O que me levou a partir deste evento a guardar comigo o que encontro de melhor, mesmo quando enfrento tempos não tão tranquilos quanto minha vida aparenta ser.

Sim a primeira vista, aparento ser uma pessoa tranqüila, na verdade me considero uma pessoa tranqüila, mas as vezes também aparento ser agitada demais.

Cresci e estudei, consegui chegar à uma faculdade e terminar o mestrado, sempre com apoio incondicional de meus pais, dos quatro, pois para mim, meu padrasto e minha madrasta são meus segundos pais. Ás vezes penso que sou boa em aprender e também em ensinar, e acredito que aprendizado e ensinamento são mútuos e complementares.

Cresci, estudei e encontrei o Amor. A primeira vez que amei ainda me sentia uma menina, conheci a paixão, o companherismo, a vida à dois e aprendi que amores nem sempre são eternos.

No momento em que descobri o desamor, me descobri também mulher, não mais uma menina, meu processo de amadurecimento continuava... Minha 2ª infância apareceu no momento em que me permiti não ser tão rígida comigo mesma, em que descobri que a vida tem cores além do cinza.

Me encontrei e aprendi a viver comigo, reconhecer minhas falhas, exaltar minhas virtudes. E então, reencontrei o amor. Ah! Amar pela segunda vez é maravilhoso, me sentir amada, me traz paz e felicidade, é um amor diferente. Não tenho receios ou dúvidas.

Uma felicidade que eu já sentia por ter amor pelos meus pais, meus irmãos, meus amigos e agora poder compartilhar esta felicidade com alguém que me entende e me traduz da forma mais simples, da maneira mais sútil e intensa que alguém poderia perceber.

Hoje, olho pra trás e penso em tudo o que já vivi até agora, nas experiências que passei e nas pessoas que conheci e me sinto muito feliz pelo caminho que trilhei até aqui, com dificuldades que me deram forças para continuar em frente, com lágrimas ora de alegria ora de tristeza e com a certeza de que tenho muito ainda por fazer.

Todos os dias adquiro um pouco do que preciso, é uma estrada longa e a viagem tem de ser feita com tranqüilidade, e assim tenho aprendido muito com o meu Amor. Todos os dias agradeço pela vida que tenho, pela sabedoria que alcancei até aqui e pela paciência que ainda preciso conquistar, e assim diminuindo a ansiedade que de vez em quando ainda sinto em mim.

Já fui bem mais ansiosa do que sou hoje, já fui muito mais imediatista. Em parte quando aprendi a viver comigo, consegui reconhecer essa ansiedade toda e controlá-la.

Mas é hoje, convivendo com o meu Bem, que estou percebendo que ainda tenho muito a fazer sobre a ansiedade que me cerca. Ele me traz a sabedortia que me falta, me dá a paciência que preciso e o amor que me completa.

Hoje, amo já sendo mulher, sinto tranqüilidade e maturidade em mim. Uma tranqüilidade que se torna a extensão dos nossos sentimentos um pelo outro e uma afinidade imensa entre nós. É uma sensação gostosa de intimidade, respeito, confiança e sinceridade. Vivemos na mesma sintonia, compartilhando nossos corações.

Fazia muito tempo que eu não escrevia, mais tempo ainda que não pensava em tudo ao mesmo tempo como hoje. Me faz bem dividir isso, me sinto leve e feliz!

Porto Velho, 25 de outubro de 2010.

"Il est des noueds secrets, il est des sympathies."